"Nos tempos que vamos descrever, as propriedades agrícolas eram imensas, muitos alqueires, quilômetros de divisa entre as propriedades. Os moradores confinados em suas terras eram separados dos vizinhos mais próximos por intermináveis capões de mata cerrada. Os veículos, primitivos troles, carros de boi, charretes e carroças moviam-se com dificuldade por estradas inexistentes. Era melhor ir a pé. Domingos e feriados eram passados como numa segunda-feira qualquer. Sem passeio, sem ver gente diferente, sem lazer. Visitavam-se as famílias vencendo distâncias enormes, por trilhas onde se caminhava em fila indiana, somente para sentirem-se ligados de alguma forma ao resto do mundo.
O surgimento de cidades acontecia como necessidade imperiosa de quebrar o isolamento. Um proprietário buscava consorciar-se aos proprietários vizinhos; cada um oferecia alguns alqueires na confluência de seus territórios, formando ali um descampado, espécie de campo neutro. Sem dono, mas de todos. Nesse espaço fincava-se uma cruz, erguia-se uma pequena capela e, quando a folhinha apontava o fim de semana, ao invés de uma família visitar a outra em sua residência, o encontro de três, quatro ou mais famílias acontecia neste campo comum, o que encurtava distâncias e aumentava o número de pessoas envolvidas.
Namoros e depois casamentos aconteciam entre os filhos que se conheciam nessas reuniões. O novo casal quase sempre ganhava um terreno na confluência das propriedades; construía ali sua casa, iniciando uma vila ou patrimônio, conforme a fala dos antigos. Uma casa, um boteco, um comércio...". Foi assim o nascimento de Mirassol, que começou com uma cruz fincada onde é hoje a Praça da Matriz, num encontro promovido por seus fundadores, Joaquim da Costa Penha (o Capitão Neves) e Vitor Cândido de Souza.
Segue texto resumido da obra do historiador mirassolense Ariovaldo Corrêa, intitulada "Mirassol - Estruturas e Gravuras"
"No princípio era a mata virgem. Mata-Una. A terra não estava, pois, vazia e nua, como antes do princípio...
Disse Joaquim da Costa Penha, alcunhado Capitão Neves: 'façamos uma clareira em meio da mata, derribando perobeiras e tamburis, cedros e paus d'alho. E fez-se a clareira'. E viu o fundador que a terra era boa. E ali plantou a Cruz de Cristo, para assinalar o nascimento da cidade. E o fundador chamou a cidade de "São Pedro da Mata-Una". E, de manhã à tarde, era o primeiro dia: 8 de setembro de 1910.
FORMAÇÃO ADMINISTRATIVA
Distrito criado com a denominação de Mirassol, por Lei Estadual nº 1667, de 27 de novembro de 1919, no Município de Rio Preto.
Nos quadros de apuração do Recenseamento Geral de 01-IX-1920, Mirassol figura como Distrito do Município de Rio Preto.
Elevado a categoria de município com a denominação de Mirassol, por Lei Estadual nº 2007, de 23 de dezembro de 1924, desmembrado de Rio Preto. Constituído do Distrito Sede. Sua instalação verificou-se no dia 11 de março de 1925.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o Município de Mirassol compõe-se dos seguintes Distritos: Mirassol, Barra Dourada, Nipoã, Rui Barbosa, Vila Poloni, Iaci e Bálsamo.
Lei no 7198, de 10 de junho de 1935, cria o Distrito de Mirassolândia e incorpora ao Município de Mirassol.
Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, o Município de Mirassol pertence ao termo judiciário de Rio Preto, da comarca de Rio Preto, e se divide nos seguintes Distritos: Mirassol, Bálsamo, Barra Dourada, Mirassolândia, Nipoã, Rui Barbosa, Vila Poloni e Iaci.
Lei Estadual no 3112, de 26 de outubro de 1937, cria o Distrito de Neves e incorpora ao Município de Mirassol.
Lei Estadual nº 3112, de 26 de outubro de 1937, desmembra do Município de Mirassol, os Distritos de Nipoã e Poloni (ex- Vila Poloni).
No quadro anexo ao Decreto-lei Estadual nº 9073, de 31 de março de 1938, o Município de Mirassol pertence ao mesmo termo judiciário de Rio Preto, da comarca de Rio Preto, e se divide nos seguintes Distritos: Mirassol, Bálsamo, Barra Dourada, Iaci, Mirassolândia, Neves e Rui Barbosa.
No quadro fixado, pelo Decreto-Estadual nº 9775, de 30 de novembro de 1938, para 1939-1943, o Município de Mirassol é composto dos Distritos de Mirassol, Bálsamo, Barra Dourada, Iaci, Mirassolândia, Neves e Rui Barbosa, e pertence ao termo de Rio Preto, da comarca de Rio Preto. Decreto-lei Estadual nº 14334, de 30 de novembro de 1944, desmembra do Município de Mirassol os Distritos de Barra Dourada, Rui Barbosa e Aboti (ex-Neves).
Em virtude do Decreto-lei Estadual nº 14334, de 30 de novembro de 1944, que fixou o quadro territorial para vigorar em 1945-1948, o Município de Mirassol ficou composto dos Distritos de Mirassol, Bálsamo, Mirassolândia e Jaci (Ex-Iaci), e constitui o único termo judiciário da comarca de Mirassol, a qual é formada pêlos Municípios de Mirassol e Iboti.
Pelo citado Decreto-lei nº 14334, foi criada a comarca de Mirassol com Sede na cidade do mesmo nome, Mirassol e com os Municípios de Mirassol e Iboti. Figura no quadro fixado pela Lei Estadual nº 233, de 24-XII-1948, para 1949-1953, composto dos Distritos de Mirassol, Bálsamo, Jaci, Mirassolândia e Ruilândia, comarca de Mirassol e no fixado pela Lei nº 2456, de 30-XII-1953, para 1954-1958, com os Distritos de Mirassol, Jaci, Mirassolândia e Ruilândia, menos o Distrito de Bálsamo elevado à categoria de Município pela mesma Lei.
Lei Estadual nº 5285, de 18 de fevereiro de 1959, desmembra do Município de Mirassol os Distritos de Mirrassolândia e Jaci (Ex-Iaci).
Em divisão territorial datada de 01-VII-1960, o município é constituído de 2 Distritos: Mirassol e Ruilândia.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 15-VII-1999.
Fonte: IBGE